sábado, novembro 19, 2005

SOCORRO por Violet Jessop

Britannic Homenagem do meu amigo Jefferson
(Montagem no Photoshop)
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QUAL A MÚSICA TOCADA AFINAL?
Comentário do autor John Maxtone-Graham
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Quando o corpo de Wallace Hartley foi içado a bordo do Mackay Bennett, seu estojo musical ainda estava amarrado ao seu peito. Entretanto, na ausência de suportes para as partituras musicais, é improvável que essas partituras tenham sido distribuídas naquela noite, e há probabilidade de que Hartley manteve o seu estojo junto ao corpo, por uma questão de hábito ou porque continha partituras pelas quais ele tinha grande estima.
Tenho curiosidade em saber quais eram essas músicas. Poderiam nos dizer alguma coisa, pelo menos das últimas seleções, ou mesmo o que Hartley tinha em mente para tocar? Tudo indica que os músicos podem ter tocado algum ritmo popular da época, familiar aos passageiros, para ser dançado a bordo ou tinham conhecimento do mesmo em Southampton. O que foi que eles tocaram por último? Meu grande amigo e companheiro Walter Lord, decano dentre os historiadores do Titanic, mantém uma hipótese, de forma persuasiva no seu livro A Night Lives On que não foi nem “Próximo a ti, meu Senhor”, que Violet e muitos outros afirmam ter ouvido, nem o som do hino “Outono”, mas uma valsa. A valsa em discussão, embora escrita pelo Inglês Archibald Joyce, tinha o seu título escrito em francês, Songe d'Automne (Sonho de outono).
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Mapa por Satélite 2001 – NASA

Foi Harold Bride, sobrevivente, radioperador do Titanic, que de sopetão, causou a maior confusão em Nova Iorque sobre o número musical executado. Quando lhe perguntaram o que o grupo havia tocado, ele simplesmente respondeu Automn - abreviação em inglês para o título em francês, por certo mais difícil de ser pronunciado.
Dois relatos fragmentados, em separado, levam-nos aos momentos finais dos músicos. Durante o inquérito britânico, o comissário Edward Brown atestou: “Eu não me lembro de vê-los parados um só instante”. Mas, eles pararam e o passageiro sobrevivente A.H. Barkworth apresenta a imagem final do acontecimento: “Minhas intenções não são a de questionar a bravura de quem quer que seja, porém devo dizer que quando vim para o convés pela primeira vez, o grupo tocava uma valsa. Da próxima vez que passei pela sua base de apoio, observei que os músicos haviam abandonado todos os seus instrumentos, e não os vi mais”.
Os preciosos instrumentos de corda foram abandonados pelos seus donos, conforme a seguinte narrativa: “O brilhante grupo musical de Hartley tocou até os últimos instantes”.
De fato, eu tenho dois discos da Songe d'Automne, gravada apropriadamente mais tarde por músicos de bordo. A primeira versão é executada com um acompanhamento de piano, como aconteceu na sala-de-estar do Titanic e, a segunda, apenas por instrumentos de corda, para nos dar a idéia como foi o seu ressoar no convés naquela noite. É uma composição agradável e triste ao mesmo tempo, com algumas passagens para serem dançadas, outras, para reflexão.
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Manuscritos de Violet Jessop, tripulante sobrevivente dos naufrágios do Titanic e Britannic e tripulante presente no acidente do Olympic com o Hawke
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Sobrevivente do Titanic, Ed. Brasil Tropical, págs. 187-188. Introdução, Edição e Comentários John Maxtone-Graham

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Alencar...Também tenho curiosidade de saber qual foi a música...mas sempre ouvi falar q era mais perto de ti senhor...
Obrigada pelas visitas...Você é de onde? qual cidade...
BEIJOS