quinta-feira, novembro 17, 2005

RMS TITANIC por Violet Jessop

Britannic e Titanic Homenagem de Remco Hillen
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RMS TITANIC
por Violet Jessop
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O tempo voa quando estamos ocupados. Com certeza, o meu primeiro ano de trabalho no Olympic passou rapidamente, antes que pudesse perceber que fora gasto nas corridas apressadas e típicas de um novo vapor, até deixar de ser novidade e os viajantes instáveis desviarem sua atenção para outras novidades.
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Não tínhamos oportunidade de recuperar o fôlego, nem de conceder aos pés a chance de se refazerem das longas e puxadas horas de corrida nas passagens estreitas sobre os novos assoalhos de borracha. Usados pela primeira vez, traziam a vantagem do confronto para os mais novos. Estávamos nos preparando para embarcar em um navio novo. O germe da perspectiva dessa mudança tomou conta de todos nós, e um clima de ansiedade, desassossego e incerteza, se instalou. Ora nos sentíamos felizes, ora deprimidos.
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Tudo o que vinha para nós em nome do Titanic era maravilhoso. Em muitos aspectos, como acontecera com os anteriores, este navio passaria a ser o nosso novo lar - grandioso, moderno e acolhedor.
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Provavelmente, nos sentíamos proprietários dele, apesar das nossas pequenas limitações, porque éramos também responsáveis por muitas das modificações e melhoramentos que apresentava. Havia coisas que pareciam de menos importância aos desinteressados, mas extremamente úteis à tripulação, melhoramentos que tornavam nossa vida a bordo menos árdua, fazendo do Titanic o lar sobre as águas com que sonhávamos.
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Era raro os funcionários do departamento de suprimentos serem consultados sobre mudanças que lhes trariam benefícios e conforto ou que os auxiliariam na execução de suas tarefas. Desse modo, quando o projetista Thomas Andrews, engenheiro naval e diretor da Harland and Wolff (o estaleiro que desenhou e construiu o Titanic),nos cumprimentou de forma amável, percebemos a distinção do grande privilégio. Nossa estima por ele foi sempre especial e ilimitada.
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Em contrapartida, no navio nos reunimos como faz uma grande família, cheia de novas esperanças; cada um de nós procurando descobrir algo novo, como quem busca um animalzinho de estimação. A tripulação compunha-se de homens do Olympic e de outros vapores da empresa: todos os escolhidos mostravam-se felizes em saber que o seu bem-estar com relação aos "buracos gloriosos" (nome tradicional dado Titanic pelos marítimos aos seus aposentos), não fora relegado a segundo plano.
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Não existe nenhum lugar totalmente isento de alegria, conforto e privacidade, mas, nenhum é tão indigno da habitação humana, como os costumeiros "buracos gloriosos" de um vapor. Um local repugnante, sempre infestado de baratas, onde tudo o que era vil para o homem encontrava guarida.
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Mas, naquele instante, os marítimos sentiram-se importantes no esquema organizacional do Titanic. Não precisariam mais agredir para serem ouvidos e toda consideração lhes estava sendo dispensada. Assim, eles responderam com um espontâneo obrigado e um presente pessoal ao seu campeão ''Tommy'' Andrews, da Harland and Wolff, um cavalheiro humano à toda prova.

Britannic Homenagem de Remco Hillen

Foi solicitado a este homem de mente aberta, ainda que timidamente, que permitisse a aproximação de qualquer pessoa, para conceder-lhe a honra de uma visita ao "buraco glorioso", o que ele atendeu, deixando todos contentes. Suas feições generosas iluminaram-se de prazer, pois somente ''Tommy'' entendia - ninguém mais se importava em tentar compreender os sentimentos profundos desses homens; ele sabia muito bem com que rebeldia os marítimos aceitavam a maioria das coisas, boas ou más, que lhes eram impostas.
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A vida a bordo começou bem. Até mesmo a Jenny, a gata do vapor e componente da tripulação, tomou para si um cantinho confortável; ela mudou a sua rotina habitual da época de Natal, que acontecia nos vapores antecessores, presenteando o Titanic com uma ninhada de gatinhos em abril.


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Manuscritos de Violet Jessop, tripulante sobrevivente dos naufrágios do Titanic e Britannic e tripulante presente no acidente do Olympic com o Hawke
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Sobrevivente do Titanic, Ed. Brasil Tropical, págs. 154-155. Introdução, Edição e Comentários John Maxtone-Graham

Um comentário:

Anônimo disse...

grande muié

essa eh foda, eh guerreira...

show o blog

D++++++++++++

bjs gatinhuuuu